quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Reflexões depois de um protesto


Passei os últimos dias pensando sobre o caso Geisy e não conseguia formar opinião. Não que agora eu tomei um posicionamento, no entanto, consegui esclarecer algumas coisas perante o assunto. Hoje a tarde, cerca de 250 alunos da UnB (Universidade Federal de Brasília) protestaram nus ou com pouca roupa na reitoria. O motivo: contrários aos fatos que aconteceram na Uniban de São Bernardo do Campo (SP), que segundo eles é um ato de machismo da sociedade brasileira (veja a matéria sobre o protesto).

Agora não é novidade nenhuma a realidade machista que vemos que nos cerca. Segundo minha amiga antropóloga Fafá, vivemos ainda numa sociedade ocidental que é machista, branca, viril, cristão, entre outros. Quer dizer, esse fato com Geisy, pouco importando com o que ela disse, e espero que tenha se defendido a altura naquele momento - e acredito nisso devido a sua postura durante o caso; demonstra o quanto o nosso sistema educacional é falho. Primeiro que há uma preocupação demasiada em formação de mão-de-obra, segundo, que as insitituições (e não refiro-me as particulares, quase que generalizo) se preocupam em formar, quer dizer, dar um diploma com preocupações desligadas as questões que deveriam permear o conhecimento.

É triste, mas uma das disciplinas mais importantes no processo de melhora da educação, pela maioria das escolas e infelizmente, dos professores que a lecionam, é esquecida. AHHHH... que saudades da minha Filosofia. É, para alguns institutos ela é dada apenas porque é obrigatória, ou apenas tem o objetivo de fazer os estudantes decorrarem os grandes filósofos, muitos nomes e datas e nada daquilo que deveria ser. Ao contrário, na Filosofia deveria se encontrar o espaço para a discussão sobre o ser humano, sobre os preconceitos, os conceitos, as regras, as condutas estabelecidas. É nela que esse aprendizado se dá na escola. Segunda a professora Zélia (minha professora de Filosofia que tanto admiro) não se pode fazer filosofia sem o esforço do pensamento aplicado a uma situação real, algum fato, ou uma atitude não aceita socialmente.

Assim, formam-se milhares de universitários (estes que seriam a esperança de um futuro melhor), muitas vezes nem preparados para o mercado de trabalho e por outras somente preparados para este. Enquanto isso, milhões de pessoas sofrem caladas com situações de preconceito, de indiferença. Somente por isso, e sem adentrar ao caso dessa moça que foi ridiculizada por se vestir sensualmente, que eu a admiro, por abrir a garganta e colocar a cara a taca, numa sociedade em que se tem medo de denunciar, de se expôr em defesa de si, ao mesmo tempo que não se cansa de se expôr de todas as formas em sites de relacionamento. Dissônancia da nossa era, da nossa incessante crise de identidade, que não consegue elimiar com os conceitos de uma sociedade de falsa moral, calcada no machismo, na virilidade, no cristinismo, na pele branca e demais estereótipos elitistas.

1 comentários:

Cristiano Contreiras disse...

Carissimo, Julio Marin.

Belo blog tens, boa proposta e gostei da temática em si, da forma como escreve, tudo bem objetivo e dá prazer pra ler, te sigo aqui e linkarei ao meu espaço!

sempre virei, ok?

vou continuar a olhar os arquivos, até!

Olhos atentos