domingo, 16 de novembro de 2008

Fome?


Todos somos iguais e livres perante à lei. A toda população brasileira cabem direitos humanos, que são interdependentes e inter-relacionados. Acesso à saúde, à educação, à alimentação, à terra, à renda, ao trabalho, são relacionados ao exercício da cidadania pela liberdade de expressão, de associação.

Portanto, num mundo ideal, toda a população brasileira, latino-americana, africana deveria estar alimentada, educada (em processo de). Não é preciso ser muito afeito à leitura de artigos especializados para saber que esse arranjo não existe no mundo subdesenvolvido, especialmente.

E de quem é a culpa? Bom, simplista seria indicar um ente para assumí-la. Mas certo é que se trata de um conjunto de fatores e fenômenos bem relacionados e articulados que se especializaram em ganhar em detrimento de outros povos. Transnacionais alimentares, organizações multilaterais – OMC, FMI, Banco Mundial, inserção periférica das economias subdesenvolvidas na economia mundial.

A fome é um reflexo de inacessibilidades crônicas, de descasos. Embora exportemos volumes consideráveis de produtos agrícolas, parte de nossa população está à míngua. E como escreveu Galeano em Veias Abertas da América Latina: “El latifundio integra, a veces como Rey Sol, una constelación de poder que, para usar la feliz expresión de Maza Zavala, multiplica los hambrientos pero no los panes.[…] Los latinoamericanos que producen, en jornadas de sol a sol, los alimentos, sufren normalmente desnutrición: sus ingresos son miserables, la renta que el campo genera se gasta en las ciudades o emigra al extranjero”.Abocanham-se nossos pães, os pães dos povos. A autodeterminação dos povos é pisoteada pelos oligos: oligopólios, oligarquias. Mas, a FAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação/Nutrição) brindou os governos latino-americanos com as Diretrizes Voluntárias, material com instruções aos governos para realizar progressivamente o direito humano à alimentação.

Assim fica mais fácil, não? Vamos elaborar e implementar uma lei que instaure a proibição de nossos povos passarem fome, porém sem desmantelar toda a estrutura de poder, de exploração que os mantêm famélicos.

A partir de agora esse tema será recorrente na minha coluna nesse adorável blog.

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