quarta-feira, 4 de maio de 2011

Num dia de discussão


Hoje como todos sabemos (04/05/2011), e espero profundamente que seja um dia que se tornará marco na história dos direitos humanos no Brasil. Neste exato momento a Suprema Corte brasileira (STF) julga a proposta da inconstitucionalidade vinda da Advocacia Geral da União para o artigo do Código Civil que legaliza a união estável, no entanto, este nada fala dos homossexuais, sendo apenas privilégio de relações entre homens e mulheres.

Deixo para transcorrer sobre o fato daqui a pouco. Neste momento, quero apenas reforçar o primeiro argumento da defesa pela ação de inconstitucionalidade. O poema de Oscar Wilde.


"O Amor, que não ousa dizer seu nome,"

Bateu-lhe à porta, ao acaso, um dia.

E ele, inebriado pela cotovia

(que paira à janela, mas depois some...),

Sentiu crescer, súbito, na alma, u'a fome

De algo que, até então, desconhecia.

Desejo... estranheza... culpa... agonia...!

Desce aos umbrais, na angústia que o consome!
... porém, depois das lágrimas enxutas,

Chamou a cotovia, deu-lhe frutas,

E sorveram, um no outro, a própria essência.

E ambos, nessa atração de semelhantes,

Num cingir de músculos, os amantes

Ergueram-se aos portais da transcendência.

Oscar Wilde, 1876.

2 comentários:

Anônimo disse...

Bom pelo texto vc escreveu antes da aprovação ... então comemoremos :)
Gostei do poema ...

Agora um Off-topic, essa voto dele vc reparou com vc se parece com ele :)


Um abarço :)

Julio Marin disse...

Obrigado... e espero mesmo parecer com ele - em alguns aspectos. A semelhança por vezes é invasiva, nos torna crus, destila o nosso líquido, nos transporta para dentro.

Mais uma vez obrigado.
Ahh... adoro poesias... as sofríveis; mas como diria minha professora de literatura: 'Há poesias não sofríveis?'

Abraços

Olhos atentos