segunda-feira, 29 de março de 2010

Tirei um peso das costas

Cansei de ser novo! Cansei de tentar me reinventar. De mudar, de tentar promover a mudança. Seja na minha casa, seja no meu ambiente de convivência. Seja na balada. Os dogmas, as crenças, as previsões. Todas elas vão por água abaixo, quando não consiguimos mais acreditar no ser humano e na sociedade.

Eu por alguns meses passei assim. Fazendo de conta que eu estava fora deste mundo. Desta realidade. Muito longe deste país. Eu não aguentava mais (e agora sem trema). Não conseguia mais respirar direito. E não pense que o problema era apenas da minha fisiologia. Meu corpo sim sofreu e ainda pena no início deste maravilhoso ano que termina com um eloquente 10. Mas muito mais sofria ao ver e perceber os rumos que tomavam uma sociedade. E que, infelizmente vejo que ela tomará em outubro. Pontuar que o problema social está num reality show é fraqueza, é falta de argumentação, falta de conhecimento da realidade. Agora, questionar o pocisionamento dos telespectadores, agora providos de ferramentos que possibilitam a tal interatividade me preocupa. Pior, me deixa cansado deste mundo.

Há muito tempo atrás, Caio Fernando Abreu, no seu texto teatral "Sarau das 19h às 21h falava disso. Que as pessoas não querem mais saber do outro, as pessoas apenas vivem, cada uma acreditando nos seus deuses e, tentando esmagar os demais indivíduos. Seja nas filas de ônibus, seja com ditaduras ou com poder (poder=dinheiro).

Nessa minha viagem toda, tendo ligeiramente desabafar o quanto estou aliviado em perceber que o texto de Abreu, muito tempo depois de sua morte, está mais vivo nesta país verde e amarelo, cheio de utopias, do que contos repletos de fantasias e que não pertencem a nossa realidade. Cansei de ficar me comparando com os modelos de países desenvolvidos. Sou brasileiro e pronto. E; Hoje; Neste domingo depois de balões terem sobrevoado o centro do nosso querido RS, sento no sofá da minha vizinha e troco olhores alegres ao ver que finalmente LIA saiu.

AHHHH!!! Isso aí. Falei tudo isso, pois o BBB10 me sufocou. Não por causa dos coloridos, da falta de conteúdo do Eliéser, pelo meio termo da Cacau, pela falta de noção da Morango. Mas por não aguentar mais aquele trio, muito feiamente idealizado por Pedro Bial, para manter a tal audiência. Não falo mal do Bial e nem do programa. Mas mais umas vez questiono a nossa formação educacional, a nossa falta de consciência na hora de votar. Que nossos ídolos correspondem aquilo que desejamos para o mundo. E isso me preocupa. Não que me acho melhor que o Dourado ou a Lia, ou ainda o belo Cadu. Mas me amedronto ao ouvir que famílias inteiras estavam torcendo por estes.

Não quero dizer que amo a Fernanda e nem que ela deveria ganhar. Mas ela é a resposta depois que Dicesar saiu, depois que a sem papas Anamara e muitas outras figuras representativas de coragem, de tática e melhor, do jogo limpo. Se é um jogo, então convido vocês a entrar nele. Mas não esqueçam. Hoje se ganha, amanhã se perde.

Gostaria que essa saída da Lia se estendesse a muitos lugares públicos, ao STF, a tribunais. Ser oito ou oitenta numa sociedade que prega pela democracia e a liberdade de expressão, está fora da moda. Por isso quero iniciar uma campanha contra as Lias. "Querida, se o mundo aqui fora é tão ruim, problema é teu." Eu apenas quero dormir com esperanças de um mundo melhor e mais justo ao final de um programa que coloca figuras caricatas de nosso povo. Viva o BBB, viva a liberdade, viva o povo que eliminou a Lia.

Durmo agora com a alma lavada. E digo, volto outra horinha para resmungar sobre alguma coisa que está me incomodando.

Beijocas

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