quinta-feira, 26 de março de 2009

Os nossos dias

África (24/03/2009)
ONG sul-africana Triangle denuncia uma séria de assassinatos bárbaros a lésbicas daquele país. Os crimes são motivados, além de homofobia, o machismo. Os algozes acham que elas precisam aprender a gostar de homem. Por isso, a prática do estupro. Pior do que isso são as mortes e mutilações nos órgãos sexuais das vítimas. A última delas tinha 19 anos e se chamava Sibongile Mphelo. Ela foi violada, teve os genitais mutilados e morta com três tiros na Cidade do Cabo. Já na cidade Joanesburgo, a jogadora da seleção de futebol da África do Sul Eudy Simelane, foi vitimada nas mesmas circunstâncias. A diferença é que foi morta com cerca de 25 facadas.

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Horror? Quem sabe. Todo o dia, atrocidades são cometidas em vista a uma cultura em que o que você acredita ser o certo, ou o que te disseram ser certo precisa ser imposto a todos os que não concordam e não tem o mesmo posicionamento que o seu. Ser gay, lésbica talvez seja apenas um dos exemplos disso. Muitas vezes criticamos movimentos sociais, grupos ou tribos urbanas, por puro preconceito, por analisar superficialmente estas situações. Mas daí, ir até lá e impor a nossa forma de viver e de agir, é bem outra coisa.

Não precisamos pensar muito, para perceber o quanto estamos ainda influenciados por isso no nosso ocidente. O melhor exemplo é o tão sonhado mundo do capitalismo construído e bem decorado pelos Estados Unidos. O tal sonho americano, mesmo em crise, ainda faz parte de toda uma geração pós-guerra, que acreditou ser aquele o estilo de vida correto, justo e pior, que estaria desenhado por Deus, já que se descarta as existência de outros deuses neste planinho.

Se nós perguntarmos ainda mais, vamos ver que os americanos, assim como se chamam, mesmo eu acreditar que somos pertencentes à América e, então, somos também americanos; teriam as melhores condições para serem contra os preconceitos, afinal tem incentivos para tudo, educação, lazer, cultura. O que lhes falta? Quem sabe o que também faltou no povo sul-africano e falta todos os dias em nossas relações, pessoais, profissionais e até mesmo no convívio conosco mesmo, o tão esquecido bom senso. Aquele da racionalidade difundida pelos filósofos, do pensamento antes das ações.

Barbaridades sempre irão acontecer, e o grande problema disso, é que nos acostumamos com elas, deixamos elas de lado, dizemos abertamente que fazem parte de nossa vida, e elas simplesmente tomam conta de quem somos. Hoje matam lésbicas na África e um ou outro site publica, mas enquanto eu escrevo isso tem um gay sendo violentado numa favela, num subúrbio, pelos vizinhos e com certeza, dentro de um shopping ou numa mansão de luxo. A pequena diferença é que se essas vítimas fossem "héteros" haveria muitas publicações e debates sobre isso. O caso Isabela comoveu montanhas de reportagens, afinal era uma criança classe média alta, agora aos pobres e ainda mais, gays excluídos, sejam eles da onde são, há o esquecimento, há o afastamento. Ninguém quer saber, é melhor assim.

Obrigado!
Somente quero deixar registrado algo que ouvi ontem no Saia Justa. A Mônica falou que quando Clodoviu apresentava A Tarde é Sua pela RedeTV confessou a ela que dificilmente as pessoas gostavam que ele lesse os e-mails de agradecimento ou algo do tipo que pudesse se vincular a ele. As pessoas iluminadas como ele, que sofreram muito mais do que sofremos hoje, merecem muito mais que nosso respeito. Muito obrigado Clodovil!

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