domingo, 26 de outubro de 2008

A liberdade de imprensa que você não vê...


“Quando alguma crítica ou notícia não sai na imprensa – e aqui está a mudança que houve na ordem local – não é porque tenha havido uma ordem superior de um censor militar que tenha dito para não se publicar mais notícias sobre o Banco Econômico para não atrapalhar o mercado financeiro e as expectativas internacionais dos investidores, cujas decisões de investir na nossa tulipa* seguram a nossa moeda, seguram o nosso presidente, seguram a felicidade de nossa classe média que pode ir tomar banho em Miami. O mais provável é que tenha havido uma reação simultânea e quase espontânea concatenada pela determinação do interesse coletivo na manutenção de toda essa ficção. Não é necessário um grande raciocínio estratégico. É só o órgão da mídia pensar nos seus investimentos que concluirá: suspende essa matéria.”
FIORI, José Luís. Os moedeiros falsos. Petropólis, RJ: Vozes, 1997, p.135-136.
* Refere-se a uma analogia entre o objeto especulativo da crise holandesa de 1620 com o Plano Real, no Brasil.


Nessa democracia mercadológica, na qual quem dispõe de fundos tem seus direitos assegurados, nada mais coerente que a imprensa obedeça à ordem fascista do mercado. Atente-se para o fato de que não se trata de uma organização sem fins lucrativos que elabora e publica reportagens, notícias, pelo contrário, são corporações poderosas e que sobremaneira visam o lucro.
E para que o sistema funcione a contento (dos interesses daqueles que dispõem de fundos) é necessário que a massa seja acrítica, parcialmente informada. Em palavras mais grosseiras, manipulada e apática.

Bom, ao que parece eles têm sido exitosos.

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